Fabio Torres, pianista do Trio Corrente, vencedor de dois Grammys, lança seu novo CD autoral, “De Cara pro Sol” (distribuição Borandá, 2017).
Através de 11 composições – sendo 6 solos de piano – o músico mostra seu amadurecimento técnico e estético como instrumentista, além do seu lado arranjador, o qual pode ser conferido nas faixas de formação camerística que incluem cello, flauta, clarinete, violão e contrabaixo acústico.
Nas palavras do próprio músico:
“Fazer um CD autoral é sempre um desafio na vida de um músico. Muitas vezes a vida cotidiana afasta a gente da criatividade, e por isso enfrentar um projeto desses é cultivar o que de melhor um artista pode oferecer. Esse trabalho é o resultado de muitas horas solitárias e prazerosas sobre as teclas do piano. De certa maneira aí estão as leituras do Cravo Bem Temperado de Bach, o esforço ante os Estudos de Chopin, o deleite das harmonias das Valsas Nobres e Sentimentais de Ravel, enfim, tantos outros compositores eruditos que nos iluminam desde tanto tempo. Também aí está a reverência aos gênios jazzistas como Bill Evans, Herbie Hancock, Chick Corea e Keith Jarrett, artistas que nunca se impuseram limites estéticos, sempre se pautaram pela liberdade e a busca da própria essência."
Mas, dito de forma simples, após essa viagem musical por influências europeias e americanas, podemos dizer que esse novo CD do Fabio Torres é parte dessa música preciosa que é obra dos brasileiros. Ali estão melodias e ritmos que certamente agradecem a inspiração de Jobim, Guinga, Egberto Gismonti, Hermeto Paschoal, Pixinguinha, Elis Regina e tantos outros que construíram uma das mais ricas músicas populares do planeta. Num momento em que o país parece enfrentar uma crise de autoestima, nada como afirmar a beleza da arte que resume a alma brasileira.