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Paula Santoro – Mar do Meu Mundo

 

Se pensarmos um CD como sendo uma fotografia, um instantâneo fiel de determinado momento da carreira de um artista, “Mar do Meu Mundo” é o retrato de uma cantora que chega ao quinto álbum de sua discografia segura da estética musical que defende e acredita.

 

Paula Santoro aposta num estilo quase camerístico e canta para colocar a música, e não a si própria, no centro das atenções. Sem distrair o ouvinte com virtuosismos gratuitos, a voz vem somar-se ao instrumental da banda, formada por Rafael Vernet (piano e arranjos), Kiko Freitas e Rafael Barata (bateria), Guto Wirtti e Zeca Assumpção (contrabaixo), Marco Lobo (percussão), Daniel Santiago (violão e guitarra) e participações do grupo UAKTI e de Maurício Tizumba (tambor de congado).

 

Uma das grandes intérpretes da sua geração, Paula Santoro nasceu em Belo Horizonte (MG) e há anos está radicada no Rio de Janeiro. Com diversos trabalhos em palco, estúdios de gravação e televisão, ela ganhou maior projeção a partir de 2002, quando conquistou o terceiro lugar no V Prêmio Visa de Música. Além dos quatro álbuns solo já lançados, sua discografia agrega dezenas de colaborações nos discos de artistas como Guinga, Nivaldo Ornelas, Pacífico Mascarenhas e Eduardo Neves.

 

Todas as canções de seu novo álbum têm temática marinha ou possuem a palavra mar em suas letras, um conceito que surgiu de maneira espontânea. Durante a pré-produção do trabalho, Paula notou que a maioria das músicas que havia selecionado para o repertório tinha essa característica, então decidiu focar nesse tema. “Não é apenas o mar como elemento da natureza. Refiro-me também ao mar interior, pessoal – de turbulências, calmaria e mistérios”, revela. 

 

Abrindo o disco está “Guanabara” (Fred Martins) que, além de fazer parte do repertório de alguns shows da cantora, trata da Baía de Guanabara, “a mais representativa paisagem marítima do Brasil”, do ponto de vista de Paula.

 

Em seguida, surge “Alegria” (Léo Minax / Chico Amaral). Outra característica do álbum é a presença de muitos compositores mineiros falando de mar, como é o caso de Léo Minax e Chico Amaral – os outros são Kristoff Silva, Makely Ka e Antonio Loureiro. “O mar é uma espécie de desejo oculto para nós que nascemos em Minas Gerais”, confessa a cantora.

 

“Mar do meu mundo” opta por uma maneira mais contemporânea de ver os oceanos e suas águas. O CD pouco dialoga, por exemplo, com as canções praieiras de Dorival Caymmi, para citarmos o maior paradigma da MPB nesse tipo de paisagem. No entanto, uma intenção mais caymmiana aparece em “Homem ao mar” (Zé Paulo Becker / Mauro Aguiar), com uma introdução que enreda violão e berimbau, e em “Samburá de peixe miúdo” (Sivuca / Glória Gadelha), com sua simplicidade e grande força rítmica.

 

“Flor” (Frederico Demarca / Marcelo Fedrá), por sua vez, apresenta dois autores da novíssima geração de compositores cariocas. Além disso, a canção tem uma clara influência de Guinga, artista com quem Paula Santoro dividiu palco e gravações inúmeras vezes nos últimos anos.

 

A sexta faixa é “Mar deserto” (Kristoff Silva / Makely Ka), que recebe o auxílio luxuoso do grupo Uakti, em arranjo de Artur Andrés. A letra explora poeticamente a oposição entre água e areia, o que de certa forma é retomado na canção seguinte, “Arabesco” (Danilo Caymmi / Alice Caymmi).

 

O encadeamento das canções no disco tenta imitar o movimento das ondas. Quase não existe vazio entre uma faixa e outra, como se fosse uma onda passando e outra chegando, continuamente, para embalar o ouvinte de uma maneira fluida, sutil. “Uma história torna-se consequência da outra, como se a narrativa só tivesse fim na última nota”, explica Paula.

 

Essa corrente marítima nos leva em seguida para “Luz da terra” (Antônio Loureiro) e  “Joana dos Barcos” (Ivan Lins / Vitor Martins), o que indica outra característica do trabalho. O álbum investe principalmente na obra de compositores da nova cena musical e, nas vezes em que Paula recorre a autores consagrados – Ivan Lins, Danilo Caymmi e Sivuca –, ela opta pela descoberta, trazendo à tona canções menos conhecidas desses artistas.

 

Por fim, o disco termina com “Água salobra” (Eduardo Neves / Mauro Aguiar), inspirada no encontro das águas dos rios com o mar. “Essa música me fez lembrar Guimarães Rosa e a história de que um dia o sertão já foi mar”, afirma Paula, fazendo assim um contraponto com a música que abriu o álbum – “é como se eu saísse do Rio e voltasse para Minas.”

 

Mais do que a fotografia de um momento artístico, “Mar do meu mundo” é o mergulho de uma cantora em sua musicalidade. 

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